Abusos na Prainha Branca, em Guarujá, serão investigados
Prefeita abriu sindicância para apurar exageros nas demolições de casebres
por Carlos Ratton
A prefeita Maria Antonieta de Brito (PMDB) abriu sindicância para apurar
possíveis abusos cometidos por fiscais da Prefeitura contra a
comunidade da Prainha Branca - um dos últimos redutos caiçaras situado
na reserva ambiental da Serra do Guararu, em Guarujá.
No último dia 27, fiscais derrubaram quatro casebres localizados na
área, gerando revolta na comunidade que, no último sábado (5), fechou
por toda manhã e parte da tarde a balsa que faz a travessia entre
Guarujá e Bertioga. Só foi permitida a passagem de pedestres. Os
veículos foram impedidos por bloqueios colocados na Rodovia Ariovaldo de
Almeida Viana (SP61), conhecida como Guarujá-Bertioga.
“Se houve algum tipo de exagero da equipe que faz contenção às invasões e
construções irregulares, será apurado e as medidas serão adotadas”,
disse a prefeita, alertando que a área da Prainha Branca está congelada
(impedida de haver expansão imobiliária).
A abertura de sindicância foi anunciada ontem, no Paço Municipal,
durante uma reunião de cerca de três horas entre uma comissão de
moradores e a prefeita, acompanhada de alguns secretários e quatro
vereadores. Do lado de fora, cerca de 80 moradores permaneceramde
vigília, aguardando o resultado do encontro, sob a vigilância da Guarda
Municipal.
Comissão consegue abertura de sindicância (Foto: Luiz Torres/DL)
Além da sindicância, os moradores da Prainha Branca conseguiram que a
Administração voltasse os olhos para a imensa propriedade do ex-deputado
Evandro Mesquita, localizada à beira mar e que, segundo a comissão,
possui mais de seis autuações, porém, nenhuma teria resultado em
demolições, como ocorreu com os casebres da comunidade no final do mês
passado. Os moradores cobraram a mesma postura e rigor por parte da
Prefeitura
“Se houve notificações, será apurado. O que vale para a comunidade, vale
também para o proprietário da área ao lado (deputado). Se houve omissão
de funcionário de algum órgão municipal, será apurado”, disse
Antonieta, que revelou que Evandro Mesquita é obrigado a liberar a
estrada particular que liga a rodovia à Prainha para situações
emergenciais, o que, segundo os moradores, não estaria ocorrendo.
“O Município firmou um termo administrativo com ele (Mesquita), ocorrido
por solicitação do Ministério Público (MP) e cabe a esse órgão agir
diante das reclamações da comunidade. De qualquer forma, vamos
procurá-lo para tentar sensibilizá-lo, porque é uma área particular”,
disse Maria Antonieta.
Outras reivindicações
Mais dois encontros com a comissão da Prainha foram agendados nos
próximos dias – amanhã (9) e na próxima segunda-feira (14). Neles,
secretários municipais irão estudar o atendimento de mais cinco
reivindicações: um aditamento ao Termo de Ajustamento de Conduta (TAC),
definido na gestão do então prefeito Maurici Mariano, que proibiu
campings na região; agilidade na regularização fundiária da Prainha (que
desde abril de 2011 estaria parada); expedição de alvarás de
funcionamento do comércio local (processo congelado desde 2006) e
reconhecimento da comunidade Ponta da Armação, localizada próxima a da
Prainha.
Os moradores também solicitaram revisão da Área de Proteção Ambiental
(APA) no Município. “Estamos solicitando ao MP uma nova repactuação de
dezenas de TACs existentes, de forma a permitir que eles possam,
realmente, ser atendidos”, disse a prefeita, alertando que o município
possui 88 termos de ajustamentos sendo reavaliados.
No último sábado, além dos moradores da Sociedade Amigos da Prainha
Branca e da Associação de Comércio e Camping da Prainha Branca, estavam
apoiando a iniciativa várias lideranças da Central de Movimentos
Populares e dirigentes de associações de bairros. Mais de 10 policiais
militares estiveram no local para realizar o desbloqueio, mas não
conseguiram retirar os manifestantes, que só saíram depois que
funcionários da Prefeitura deixaram marcada uma reunião com a prefeita
Maria Antonieta de Brito (PMDB), que ocorreu ontem.
O diretor da Associação Caiçara de Camping, José Carlos dos Santos, vai
aguardar as reuniões para saber se realmente haverá avanços. “Espero que
não haja mais demolições e que o comércio local tenha tranquilidade
para trabalhar até o final do ano”.
O presidente da Sociedade Amigos da Prainha Branca, Márcio dos Santos
Flávio, também se manteve na defensiva. “A comunidade está unida e
atenta, inclusive, para a situação relacionada à propriedade do
ex-deputado Evandro Mesquita”.
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