sexta-feira, 23 de outubro de 2015

O PATRIMÕNIO HISTÓRICO-CULTURAL DA ILHA DE SANTO AMARO ESTÁ ABANDONADO...

Ermida do Guaibê: patrimônio histórico e descaso secular


Às margens do canal de Bertioga, próximo à balsa que liga Guarujá a Bertioga, jaz a Ermida do Guaibê, também conhecida por Capela ou Igreja de Santo Antônio de Guaíbe (ou Guaibê). Em tempo: jaz, do verbo jazer, que lembra jazigo, sepultura, ou seja, aquilo que permanece em estado ou condição tal que parece não existir, que está enterrado. Pois bem, é esse o estado atual da Ermida do Guaibê. 

Está literalmente enterrada entre a vegetação e o descaso do Poder Público e das instituições responsáveis pela conservação do Patrimônio Histórico. Malgrado as poucas iniciativas tomadas (Ministério Público Federal - leia abaixo), a situação permanece quase inalterada. Quase, porque quando lá estive, notei a ausência de pedras seculares que faziam parte do portal da igreja - roubadas não se sabe por quem. Também havia um novo barraco em construção, diga-se, em local onde se pretende criar o Parque Arqueológico São Felipe. É lamentável o ritmo das iniciativas públicas. Qualquer empresa privada que tralhasse em tal velocidade, estaria fadada ao fracasso. E parece-me ser este o destino da Ermida - o fracasso, o que, no caso, é seu total desmoronamento.

Construída por volta de 1560 (afirma-se também que foi entre os anos de 1563/1565), por José Adorno, a Ermida que, no século XVII, já foi chamada de Capela de Santo Antônio da Armação, tem suas ruínas localizadas no extremo nordeste da Ilha do Guaíbe ou Santo Amaro (Guarujá). A importância histórica dá-se pelo fato de que naquela região ocorreram acontecimentos marcantes para a história do Brasil. Ali desembarcou a armada de Martim Afonso de Souza, dando início ao povoamento da Capitania de São Vicente. Ali ocorreram os grandes conflitos entre portugueses, tupiniquins e tamoios, interrompidos graças à intervenção dos jesuítas José de Anchieta e Manoel da Nóbrega. A Ermida, afirma-se, é um patrimônio setecentista, embora muitos estudiosos acreditem tratar-se de ruínas remanescentes de uma capela construída no século 16, onde José de Anchieta e Manoel da Nóbrega pregavam e catequizavam os índios. Ali afirma-se, José de Anchieta teria escrito seu célebre poema Milagre dos Anjos

A Ermida jaz em completo abandono, sem que o Poder Público adote medidas para sua recuperação e preservação. Há uma trilha pela qual se chega até o conjunto arquitetônico: um muro secular que traça o entorno da Ermida e a capela propriamente dita, com o aspecto do abandono ressaltado pelas inúmeras pichações deixadas por frequentes visitas de vândalos, além do que, não há qualquer sinalização que indique a existência das ruínas e seu valor histórico. O local permaneceu por muito tempo esquecido, em razão da densa vegetação que escondia por completo as ruínas. Armando Lichti mandou limpá-las, em 1945, mantendo-as em condições de acesso e visitação turística. Fez isso enquanto viveu, de lá para cá, parece-me, nada foi feito. Espera-se que um dia, nos subterrâneos da burocracia, alguém tropece nos documentos do referido patrimônio e resolva de vez iniciar os trabalhos de sua recuperação. E detalhe: não se pode esperar muito por tal tropeço, caso contrário, quem cai é a Ermida.

Fontes: www.novomilenio.inf/guaruja/gfoto009.htm e site do Ministério Público Federal?SP
Nota: No site do Ministério Público Federal, em Notícias do MPF, há documento disponível, de 25/6/2008, com o seguinte título: MPF/SP recomenda que Iphan preserve patrimônio no Guarujá. A notícia começa assim: "O Ministério Público Federal em Santos (SP) recomendou ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) que apresente, em 45 dias, um relatório com diagnóstico completo das atuais condições estruturais e dos riscos mais evidentes de degradação, desabamento ou qualquer outra condição que cause danos às ruínas do Forte de São Luiz, da Armação da Baleia e da Capela de Santo Antônio do Guaibê." Sobre o inquérito, diz o Ministério Público: "Em um inquérito civil, realizado pelo Ministério Público Federal, foi apurado que o patrimônio arqueológico está em total estado de abandono, sujeito à ação modificadora e destrutiva por condições climáticas e de tipologia da vegetação verificada na área. Outro risco detectado é a ocupação da área por moradores, particulares e populações caiçaras, inclusive sobre áreas do próprio sítio da Armação das Baleias, além de pichações. Para o procurador da República Antonio Arthur Barros Mendes, autor da recomendação, os problemas fundiários ali existentes em virtude de a área ser composta de terras da União, do estado e do município e a ocupação das terras por parte de populações caiçaras não são motivos para que o poder público fique inerte, permitindo a deterioração progressiva dos bens tombados.'É necessário que o Iphan assuma a iniciativa de preservação e coordene juntamente com as autoridades estaduais e municipais o processo de intervenções necessárias para a preservação do sítio', afirma. A atual persistência dos órgãos responsáveis pelo patrimônio em manter uma postura passiva diante dos problemas pode levar os monumentos tombados a perder suas feições atuais, o que acarretaria em uma maior dificuldade de manutenção e pesquisa das ruínas e, conseqüentemente, no seu desaparecimento, com danos irreparáveis à memória da formação da sociedade brasileira. Consulte: http://noticias.pgr.mpf.gov.br/noticias-do-site/meio-ambiente-e-patrimonio-cultural/25-06-08-mpf-santos-recomenda-que-iphan-preserve-patrimonio-no-guaruja/.

segunda-feira, 12 de outubro de 2015

MINISTÉRIO DA PESCA SUSPENDE SEGURO DEFESO

Para conter fraudes, governo suspende por 120 dias seguro defeso

A medida faz parte do ajuste fiscal do governo para garantir economia de gastos e reduzir o desequilíbrio fiscal das contas públicas brasileiras

por Estadão Conteúdo
Depois de assumir o comando da Secretaria da Pesca, a ministra da Agricultura, Kátia Abreu, suspendeu o período de defeso por 120 dias para coibir fraudes na concessão do seguro pago aos pescadores durante o período de reprodução em que a pesca é proibida. O prazo pode ser prorrogado.

A medida faz parte do ajuste fiscal do governo para garantir economia de gastos e reduzir o desequilíbrio fiscal das contas públicas brasileiras. Com o seguro defeso, os pescadores recebem um salário mínimo do governo federal por mês durante toda a temporada de suspensão da pesca.

Fontes do governo informaram que os defesos suspensos têm impacto anualizado de R$ 1,5 bilhão em 2015. O valor corresponde à metade dos benefícios pagos aos pescadores. No acumulado de 12 meses, o custo do seguro defeso é de cerca de R$ 2,7 bilhões.
 Do total de desvio, R$ 12,4 milhões foram pagos a beneficiários que possuíam emprego, além da atividade de pescador  (Foto: Antônio Cruz/ Agência Brasil)
Do total de desvio, R$ 12,4 milhões foram pagos a beneficiários que possuíam emprego, além da atividade de pescador (Foto: Antônio Cruz/ Agência Brasil)

A justificativa oficial para a suspensão do benefício é o recadastramento dos pescadores artesanais pelo Ministério da Agricultura. Também haverá uma revisão dos períodos de defeso.

A portaria interministerial dos ministérios da Agricultura e do Meio Ambiente com a decisão foi publicada nesta sexta-feira, 9, no Diário Oficial da União. A portaria é assinada pela ministra da Agricultura, Kátia Abreu, e data do dia 5 de outubro, data da posse dos novos ministros. A partir dessa data, a Secretaria da Pesca foi incorporada ao Ministério da Agricultura. A equipe econômica pressionava por mudanças no seguro defeso.

O recadastramento será presencial e solicitado por meio de formulário de requerimento de licença de pescador profissional, mediante a apresentação de originais e cópias de documentos para comprovar que o beneficiário não tem outra atividade a não ser a pesca artesanal.

O governo respalda a decisão em auditoria do Tribunal de Contas da União (TCU), analisada pelo plenário em abril deste ano, que apontou desvio de R$ 19,5 milhões no pagamento do benefício entre janeiro de 2012 e junho de 2013. A principal irregularidade é o pagamento de parcelas a pessoas que não se encaixam nas condições necessárias para receber o benefício. Do total de desvio, R$ 12,4 milhões foram pagos a beneficiários que possuíam emprego, além da atividade de pescador - o que descumpre a exigência para o pagamento do benefício

fonte: http://www.diariodolitoral.com.br/conteudo/66036-para-conter-fraudes-governo-suspende-por-120-dias-seguro-defeso

Casca de marisco do Perequê vira artesanato e faz sucesso na Itália

Artesã frequenta os cursos do Cras Enseada, na capela do Perequê, para se aperfeiçoar

Assessoria de Comunicação

Cascas de mariscos e conchas encontradas à beira-mar se tornam peças decorativas nas mãos da artesã Suely Aparecida do Prado. Moradora do Perequê há 16 anos, ela busca a obra-prima de seu trabalho na areia da praia e as transforma em arte, utilizando as técnicas aprendidas e aperfeiçoadas no curso de artesanato oferecido pela Prefeitura de Guarujá, em seu bairro. A atividade proporciona um complemento em sua renda familiar e já lhe rendeu elogios e supresas, ao saber que uma das peças foi parar na Itália.

Ela é aluna do curso de artesanato há dois anos e, mesmo já utilizando diversas técnicas para confeccionar suas peças, não abre mão das aulas oferecidas pela Prefeitura, por meio da Secretaria Municipal de Desenvolvimento e Assistência Social. Seu objetivo é se aperfeiçoar cada vez mais para ampliar sua oferta de produtos.

A equipe do Centro de Referência de Assistência Social (Cras) Enseada ministra o curso na Capela Nossa Senhora Aparecida, no Perequê, da qual Suely é participante. A Igreja Católica cede o espaço e a Prefeitura mantém a iniciativa, que tem 15 alunas. Suely ganha cerca de R$ 800 mensais com a venda de artesanato, complementando sua renda.

Técnica em Enfermagem do Trabalho por formação, ela trabalhava na área em São Paulo, até ficar desempregada. Suely veio com a família morar em Guarujá, em 1999, para trabalhar como caseira num condomínio, no bairro Pernambuco. Com o tempo, trocou a atividade pelo artesanato e financiou a casa própria. “Com o artesanato, melhoramos a nossa fonte de renda, a partir da condição que a Prefeitura nos dá no curso. E agradecemos a prefeita Antonieta por isso. Nosso papel é só aprender, fazer e vender. A gente não pode ficar achando que o céu é perto, tem que ir e buscar a realização dos nossos sonhos.”

Ao longo do ano, ela cria as mais diversas peças, utilizando as técnicas que conhece e aprende. O forte das vendas é na temporada de verão, com foco no artesanato caiçara, que tem a identidade da Praia do Perequê. No entanto, ela também investe em datas temáticas, como Páscoa e Natal, vendendo para clientes cativos de Guarujá, Santos e São Paulo.

O trabalho, que antes era vendido em uma banca que montava na orla, ganhou um cliente fixo nos verões. Trata-se de um restaurante do Perequê, especializado em peixes e frutos do mar. O estabelecimento fornece a casca do marisco e Suely produz artesanato em forma de garoupas. O resultado é a venda de 1.500 peças por temporada, que o restaurante distribui como lembrança aos seus frequentadores. “Se não fosse o artesanato, eu teria caído em depressão, mas se a gente faz com amor e fé, o trabalho cresce”, acredita.

Do Perequê para a Itália – Suely relata que, certa vez, um turista italiano foi ao bairro à sua procura. Ele queria conhecê-la, já que tinha uma peça sua, assinada, e com o nome de Guarujá. Ele era um alto executivo de uma multinacional e ganhou a lembrança de um funcionário seu, que esteve na Cidade anteriormente. A artesã tem orgulho de saber que as cascas de mariscos e conchas encontradas à beira-mar, na areia do Perequê, atravessaram o Oceano Atlântico em forma de artesanato para decorar salas de executivos na Europa.

A responsabilidade desta matéria é da prefeitura de Guarujá.

domingo, 12 de abril de 2015

PESQUISA EM CRUSTÁCEOS REVELAM O GRAU DE POLUIÇÃO DO COMPLEXO ESTUARINO DA REGIÃO

Poluição provoca o aparecimento de caranguejos 'mutantes' no litoral de SP

Alguns apareceram com deformações como resposta à poluição.
Pesquisa revelou contaminação em cinco manguezais de Santos.


Mariane Rossi Do G1 Santos

Grupo de Pesquisa em Biologia de Crustáceos (CRUSTA) da Unesp começou a fazer pesquisas sobre o caranguejo-uçá  (Foto: Divulgação/CRUSTA) 
Grupo de Pesquisa da Unesp faz pesquisas sobre o caranguejo-uçá (Foto: Divulgação/CRUSTA) 

Uma pesquisa mostrou que a poluição tem afetado a vida dos  caranguejos-uçá que vivem nos manguezais de cidades litorâneas do Estado de São Paulo. Alguns animais já nasceram com má formações devido a grande quantidade de metais pesados encontrados em cinco cidades da região. Segundo os pesquisadores, a contaminação do meio ambiente é proveniente do Polo Industrial de Cubatão, do Porto de Santos e dos lixões instalados na região. Além disso, o caranguejo-uçá 'mutante' chega na mesa dos brasileiros e coloca em risco a saúde de muita gente.
De acordo com a pesquisa, os maiores caranguejos 'mutantes', geralmente os mais 'suculentos', têm maior quantidade de metais pesados. Segundo o biólogo marinho e professor doutor Marcelo Pinheiro, as pessoas que consomem esse animal também acumulam esses metais pesados. "Isso pode acarretar em maior incidência de câncer, más formações e problemas neurológicos", afirma ele, que também não recomenda o consumo desses animais provenientes da Baixada Santista.

Pinheiro começou a estudar esses caranguejos a partir de 1998. “Percebi que pouco se sabia cientificamente sobre essa espécie”, afirma. Junto com o Grupo de Pesquisa em Biologia de Crustáceos (CRUSTA) da Unesp de São Vicente, ele começou a fazer pesquisas sobre o caranguejo-uçá. Na primeira fase, foi estudada a biologia do animal e, na segunda etapa, o grupo pesquisou mais aspectos relacionados à biologia pesqueira deste recurso, também fazendo ações de educação ambiental.

Exemplar com má formação foi encontrado em São Vicente (Foto: Divulgação/CRUSTA) 
Exemplar com má formação foi encontrado emSão Vicente (Foto: Divulgação/CRUSTA)

Ele e outros  pesquisadores do CRUSTA (Dr. Felipe Duarte) e Unifesp Baixada Santista (Prof. Dr. Camilo Pereira) se depararam com um animal encontrado por pescadores, em São Vicente. O exemplar do caranguejo-uçá apresentava má formação em uma das pinças. “O animal lutou com outro animal e perdeu uma parte do corpo. Em vez de regenerar um dedo só, ele regenerou cinco dedos. Parece uma mãozinha. Inclusive era funcional. Esse tipo de trabalho me sensibilizou e ampliamos os estudos”, explica o biólogo. O animal foi analisado em laboratório. O caranguejo apresentou alta incidência de células micronucleadas (resultantes de problemas ocorridos durante a divisão celular), aproximadamente três vezes mais alta do que os valores considerados normais.


A partir desse exemplar, a equipe resolveu fazer uma terceira etapa do projeto e estudar o caranguejo-uçá em áreas de manguezal do Estado de São Paulo, sujeitas a diversas fontes de poluição, como os lixões públicos Alemoa/Sambaiatuba e o Polo Industrial de Cubatão, que podem afetar o desenvolvimento e o ciclo de vida dos animais. O estudo visava fazer uma avaliação mais ampla dos problemas ambientais existentes e a sua influência sobre os organismos estuarinos.

Foram 18 subáreas de manguezal analisadas em seis áreas, abrangendo Bertioga, Cubatão, São Vicente, Peruíbe, Iguape e Cananeia. Os pesquisadores coletaram amostras de água, folhas da planta mangue-vermelho, sedimentos, além de partes dos tecidos, vísceras e carne dos caranguejos. “Além de conhecer a qualidade dos manguezais, estávamos querendo saber se o caranguejo poderia ser utilizado como alimento ou se estava contaminado por metais”, diz ele. Os pesquisadores utilizaram duas técnicas de análise dos materiais e utilizaram uma amostra de quase 300 caranguejos.

Quatro metais pesados (cádmio, cobre, chumbo e mercúrio), com níveis superiores aos permitidos por leis ambientais, foram encontrados nos materiais coletados em Bertioga, Cubatão, São Vicente, Cananeia e Iguape. A Estação Ecológica da Jureia foi a única área que não apresentou nenhuma contaminação. “A duas áreas extremamente contaminadas seriam Cubatão e Bertioga. Existe cobre e chumbo na água, enquanto o sedimento possui elevada concentração de cádmio e mercúrio”, diz ele. Em Cananeia e Iguape, os níveis de contaminação por mercúrio nos sedimentos também foram elevados.

Estação Ecológica Jureia Itatins, em Peruíbe (Foto: Divulgação/Prefeitura de Peruíbe) 
Estação Ecológica Jureia Itatins, em Peruíbe (Foto: Divulgação/Prefeitura de Peruíbe)

Em Bertioga, a coleta foi feita perto do Rio Itapanhaú. No primeiro momento, os pesquisadores suspeitaram que a contaminação estaria relacionada ao rio, já que não há indústrias poluentes naquela região. “O que pode estar acontecendo, nós acreditamos, é que temos um lixão na BR-101 (Rio-Santos) que foi desativado. Mesmo coberto, o lixão pode estar emitindo substâncias prejudiciais ao meio-ambiente", diz. 

Em nota, a Prefeitura de Bertioga disse que o lixão foi desativado em 2001 e as medidas de controle foram aplicadas, como cobertura e instalação de drenos para gases. Em 2014, os proprietários da área realizaram uma investigação sobre a contaminação do solo, subsolo e água subterrânea e os resultados laboratoriais não apresentaram contaminação química. O laudo e o respectivo relatório foram apresentados para a Cetesb. A Prefeitura de Bertioga protocolou um processo na Cetesb para recuperação da área do antigo lixão, uma vez que não há resultado sobre contaminação química.

Para a secretária de Meio Ambiente de Bertioga, Marisa Roitman, é impreciso correlacionar a contaminação dos caranguejos ao antigo lixão de Bertioga, que funcionou por um curto período de tempo. Isto porque, segundo ela, o sistema estuarino da Baixada Santista é interligado, sendo que a contaminação pode vir do polo industrial de Cubatão ou do Porto de Santos, por exemplo.


Marcelo fala sobre a pesquisa realizada na região (Foto: Mariane Rossi/G1) 
Marcelo fala sobre a pesquisa realizada na região (Foto: Mariane Rossi/G1)

A equipe da Unesp também verificou que os caranguejos-uçá de Cubatão têm 2,6 vezes mais células com micronúcleos do que os da Jureia, a área pristina (sem poluição). Áreas que apresentam caranguejos com uma maior quantidade de células com micronúcleos correspondem àquelas com maior concentração de poluentes, podendo repercutir em deformações. Os valores obtidos para micronúcleos estiveram correlacionados à concentração de metais pesados. 

Para o biólogo, a poluição no ambiente tem relação com as mutações encontradas nos caranguejos nos últimos anos. “Aqui na Baixada Santista, principalmente nos manguezais de Cubatão e Bertioga, existe uma maior probabilidade de serem encontrados animais com má formação do que em locais menos poluídos, por conta do grande impacto causado pelos metais”, fala. Mesmo com a instalação de filtros e outras medidas ambientais, a contaminação em Cubatão estaria relacionada à atividade das fábricas, abundantes no Polo Industrial.

Segundo o especialista, em Iguape, as fontes de metais pesados são os resíduos de mineração que vieram com o Rio Ribeira de Iguape. Já em São Vicente, as principais vias de contaminação seriam os lixões, como o Sambaiatuba, visto que, mesmo após desativados, podem continuar emitindo metais pesados por até 25 anos. Outra causa seria o lixo que se acumula nos manguezais nesta região, reflexo de desconhecimento por parte da população como um todo. Os resultados obtidos indicam que caranguejos de áreas contaminadas têm maior probabilidade de contrair parasitas, sendo um possível indicativo de seu comprometimento fisiológico.

Uma das regiões analisadas pelos pesquisadores, em São Vicente (Foto: Divulgação/CRUSTA) 
Uma das regiões analisadas pelos pesquisadores, em São Vicente (Foto: Divulgação/CRUSTA)

fonte: http://g1.globo.com/sp/santos-regiao/noticia/2015/03/poluicao-provoca-o-aparecimento-de-caranguejos-mutantes-no-litoral-de-sp.html 

sábado, 28 de fevereiro de 2015


Cotidiano

23 de fevereiro de 2015 às 10h18













Marinheiros são penalizados na rodovia Guarujá-Bertioga

 

Polícia Rodoviária está multando os trabalhadores das Marinas Nacionais. Muitos temem perder a carteira e a única alternativa rápida de transporte 

por Carlos Ratton


Marinheiros que prestam serviços nas Marinas Nacionais, em Guarujá, estão realizando um abaixo-assinado para pressionar o Departamento de Estradas de Rodagem (DER) a exigir explicações da Polícia Rodoviária sobre a aplicação de multas que consideram “indevidas” aos seus veículos estacionados em áreas anexas ao acostamento da Rodovia Ariovaldo de Almeida Viana (SP-61) — conhecida como Guarujá-Bertioga, em frente à empresa, localizada no km 20,5 da via.

Na última semana, um grupo de trabalhadores resolveu mostrar sua indignação. Eles explicaram à Reportagem que há anos colocam seus carros entre o acostamento e os muros da empresa (atrás da linha dos postes da rede elétrica). No entanto, nas últimas semanas, vêm recebendo multas diárias. Muitos temem perder a carteira de motorista e a alternativa mais rápida de locomoção.  

Eles garantem ainda que isso não ocorre no resto da estrada, principalmente nos finais de semana, quando carros estacionam no acostamento para que seus ocupantes possam frequentar boates, bares e casas noturnas ao longo da via. “Tratores com barcos também bloqueiam a estrada e não são multados. Ou seja, multa é só para pobres. Existem dois pesos e duas medidas”, afirma Ângelo Márcio Rocha de Andrade Lima.     

O marinheiro Aluísio Matos ressalta a revolta geral dos colegas de profissão. Ele trabalha há 20 anos nas Marinas Nacionais e afirma que o acostamento vem sendo respeitado pelos trabalhadores. “Nós queremos saber qual é o critério. Se existe um acostamento e é respeitado, por que aplicam as multas?”, indaga Matos, alertando também que, segundo as leis de trânsito, toda multa por estacionamento irregular vem seguida de guincho. “Mas nenhum carro foi guinchado. Portanto, o procedimento está errado, é ilegal”.

Carros estacionados entre o acostamento e a marina (Foto: Luiz Torres/DL)
Carros estacionados entre o acostamento e a marina (Foto: Luiz Torres/DL)

Vale lembrar que as Marinas Nacionais são detentoras do selo Bandeira Azul, concedido por cumprir uma série de critérios em relação à educação e informação ambiental, gestão ambiental, segurança, serviço, infraestrutura para os usuários e qualidade da água. Porém, não oferece estacionamento aos seus prestadores de serviços.

“A administração (das Marinas) defende que nós (marinheiros e colaboradores) devemos trabalhar de ônibus. Ora, isso é facultativo. Os funcionários têm o direito de escolher o transporte que seja mais eficiente. Todos sabem que na estrada o transporte público é ruim. Temos direito de parar o carro ao longo da estrada desde que não seja no acostamento”, acredita Aluísio Matos.

Outro marinheiro, Eugênio Leandro, foi multado por ter colocado seu veículo na área de recuo em frente a sua residência, às margens da estrada. “Como eu faço para levar compras para minha casa, levar meus pais ao médico? Carro aqui na estrada não é luxo, é necessidade”.

Jailton Ribeiro, também trabalhador das Marinas, foi multado duas vezes na mesma hora e local. “Eu já estou com 10 pontos na minha carteira de habilitação. Não posso mais arriscar trabalhar de carro”, afirma o marinheiro, completamente desolado, pois fica praticamente impossibilitado de assistir sua família em caso de emergência.  

Moradores sofrem

O presidente da Associação de Moradores e Amigos da Cachoeira (um dos bairros da região), Sidnei Bibiano Silva dos Santos, afirma que os moradores enfrentam problema semelhante aos marinheiros. “Todos estão sendo multados, embora mantenham espaço de acesso livre. O DER tem que entender que essa estrada é urbana, possui casas nas duas margens, como as marinas. Portanto, é preciso bom senso, pois temos moradores centenários ao longo da estrada e muitos pais de família”. 

fonte: http://www.diariodolitoral.com.br/conteudo/51615-marinheiros-sao-penalizados-na-rodovia-guaruja-bertioga

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015